FÁBIO
BAROLI
1981 — Uberaba
Vive e trabalha em Uberaba
Fábio Baroli
Nascido em Uberaba, Fábio Baroli começou sua carreira como pintor em 2007. Estudou Artes em Brasília, tendo vivido no Rio de Janeiro antes de voltar à terra natal, cujas paisagens permaneceram habitando suas telas ao longo de mais de uma década de produção.
Como resultado sob o olhar da dedicada ciência elaborada por suas imagens, a “Antropomatutologia”, acaba sendo destinada ao convívio com matutos que povoam os interiores de várias regiões brasileiras. Também, o resultado vem através dos estudos pela pintura de seu ethos social e poético, contendo seus hábitos de trabalho e sociabilidade, em suas andanças e mitologias apaixonantes.
Suas origens
As pinturas de Baroli trazem o matuto como sujeito de uma narrativa contemporânea. Assim sendo, o artista concilia tanto uma entrada pela memória afetiva de sua infância e adolescência em Uberaba, tendo muitos matutos por parentes e vizinhos, quanto a reinvenção da paisagem do Triângulo Mineiro sob chamas, numa revolução vinda do campo, ou manifestações com a turma da rua repercutindo o noticiário da capital.
Portanto, é nas paisagens interiorana que é reencantada por Baroli com forte ironia e questionamento político, atentando para como estes mesmos horizontes foram tipificados no imaginário da arte moderna, conforme Guignard e Inimá de Paula, por exemplo.
Suas referências
Consequentemente, o artista politiza um tema aparentemente ameno, já que a paisagem a que dá visibilidade é um universo brasileiro amplamente ignorado. Preconceituosamente, tido por ultrapassado e fadado, a começar por deixar de existir em breve, tendo em vista a aceleração imposta pelas dinâmicas urbanas.
Nada inocente, portanto, do ponto de vista político, na construção destas paisagens como lugares de resistência, permeados por soluções, apropriações, respostas e afirmações próprias. Portanto, são endereçadas ao tempo presente – de convulsão política, eleições acirradas e novos coronelismos.
O matuto não é visto por seu exotismo, como talvez Almeida Jr em sua pintura regionalista em fins do século XIX o tenha abordado. Também não se dá nem por seu simples antagonismo à vida urbana predominante e seus valores modernos. Assim sendo, seu protagonismo se estende com voz própria ao seu rico universo nas suas pinturas, com ressonâncias a questões contemporâneas, mas absolutamente singular em suas reações, apropriações, convicções e criações.
Em conclusão, o artista declara “Encontro aí um sentimento forte de pertencimento”, sobre a série de trabalhos “Meu matuto predileto”. Consequentemente, o que faz Baroli pensar que talvez haja na exemplaridade das respostas da vida no campo àquilo que se passa na cultura urbana moderna algo que ligue a pesquisa de Fábio Baroli a pintores como Camille Corot e Vincent Van Gogh.
Desta forma, se percebe no campesinato como resguarda de algo profundamente humano diante do progresso e seus avanços tecnológicos alheios aos impactos na vida do homem comum e seu contato com a natureza. [ Júlio Martins ]
Principais exposições:
individuais:
. Goliath, MuseumsQuatier, Viena (2017)
. Deitei pra repousar e ele mexeu comigo, CCBB Brasília (2016)
. Muito pelo ao contrário, CCBNB, Fortaleza (2014)
. Vendeta: a Intifada, Funarte, Recife (2013).
Coletivas:
. Contraponto, Museu Nacional de Brasília (2017)
. É tudo nosso, Casa da Cultura da América Latina, Brasília (2017)
. Vértices – Coleção Sérgio Carvalho, Centro Cultural Correios, Braslília, Rio de Janeiro e São Paulo (2015/2016)
. Prêmio Aquisições Marcantonio Vilaça, Museu de Arte Moderna MAM Rio, Rio de Janeiro (2013).